Enquanto isso na Sala de Justiça
A súbita liberação de energia na crosta do planeta Terra, geradora das ondas sísmicas, é geralmente ocasionada pelo choque das placas tectônicas, lembra? Ou não. Vez ou outra, alguns X-Men do rock se reúnem para dar uma acordada na escala Richter. São elas, as superbandas.
Mas antes de ouvir a nova formação mutante da cena, uma breve recapitulada no divisor de águas que foi o The Mars Volta pode ser interessante, já que esse para-raios de super talentos foi o próprio Instituto Xavier Para Jovens Superdotados. Nesse cenário brotaram outros tantos projetos curiosamente envolvidos pelos respectivos monstros baterísticos que ali habitaram. Afinal, nesse departamento, os malandrinhos donos da bola, Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez-Lopez, sempre tiveram superpoderes para contratar as melhores máquinas moedoras de baquetas do mercado.
A primeira Arma X dos caras foi Jon Theodore, que depois de gravar a linduxa trilogia inicial e zarpar da banda, se uniu à metralhadora vocal de Zack de la Rocha. Um terceiro meliante, Joey Karam, foi pescado pela dupla e assumiu um tecladão cheio de efeitos à moda Tom Morello. Ali foi batizada a One Day as a Lion, que infelizmente, como manda a tradição, contabiliza apenas um filho único de mãe solteira - o homônimo EP de 2008.
Embora o petit comité tivesse potencial pra agradar as torcidas das duas potências, a coisa não gerou muito auê e passou sem grande atenção pela mídia. Embora altamente recomendável, a formação peculiar - batera, voz e teclado - buscou uma sonoridade muito mais rage-against-the-machinável que algo particularmente novo. Os singles Wild International e Last Letter não me deixam mentir.
Por hora, Theodore segue sabugando com força suas levadas em outra superbanda da justiça, a Queens of the Stone Age. Ou pelo menos, sempre que Dave Grohl dá uma brecha.
Passando para o terceiro batera da The Mars Volta, Dave Elitch também deu seus pulos. Conexões com figurinhas importantes foram feitas durante as turnês, e depois de sua saída das garras de Cedric & Omar, o anúncio da hecatombe Killer Be Killed foi feito. Era praticamente a reunião dos Avengers.
Ao lado das marretadas de Thor, solamente Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan) - voz e guita, Troy Sanders (Mastodon, Gone is Gone) - voz e baixo, e… Max Cavalera (Sepultura, Nailbomb, Soulfly, Cavalera Conspiracy, etc., etc., etc., etc., etc.) - voz e guita. O single Wings Of Feather And Wax mostra para as crianças como se deve abrir um disco. Também cria única, a voadora homônima de 2014 reúne todo mundo ali na quebradeira: Capitão América, Homem de Ferro, Hulk e Thor.
Curb Crusher vem com vontade logo depois, mas curiosamente com a presença de Ben Koller no vídeo, substituindo o co-fundador faixa preta da batera.
Voltando finalmente ao centro dos abalos sísmicos da The Mars Volta (mais precisamente a gestão do meio), Thomas Pridgen - o Pai Mei dos paraddidles - anunciou recentemente outra reunião peso pesado, a Giraffe Tongue Orchestra. Lembra quando o Esquadrão Relâmpago Changeman se reunia para a formação da Power Bazooka? Vai daí.
Liderada pelo trio William Duvall (Alice in Chains) - vocal, e pelas guitarras de Brent Hinds (Mastodon) e Ben Weinman (The Dillinger Escape Plan), a formação ainda traz a cozinha de Pete Griffin (Dethklok, Zappa Plays Zappa) - baixo e do mestre Thomas em questão, tacando-lhe pau. Olhaí Mastodon e The Dillinger Escape Plan embolados novamente.
O recém tirado do forno, e ainda pelando Broken Lines, tá na área com ótimos momentos. Adapt Or Die abre o disquinho com classe, mas a eleita para single oficial, Crucifixion, vem na sequência trazendo cenas um pouco déjà vus e bem familiares do nosso presente político - literalmente. No-One is Innocent, a melhor música da bolacha, ainda não foi explorada e vem novamente seguida por outro hit: Blood Moon - esse sim bem mais humorado e também visualmente mais interessante que o primeiro, com japinhas mangás torturadoras.
Pena que essas estruturas geológicas dos supergrupos liberem geralmente uma explosão única de magma na superfície terrestre. Seria louvável ver alguns deles mandando brasa numa história contínua, entre uma pausa e outra das bandas oficiais de seus respectivos heróis. Enquanto isso não rola, dá uma fuçada que tem coisa boa de balde por aqui. Confia!